Opinião

A memória é curta, mas os factos falam mais alto

Nos últimos tempos, tem-se ouvido com insistência uma ideia que, além de falsa, é profundamente injusta: a de que nada foi feito no Faial nas últimas décadas.

Os que agora se insurgem com discursos inflamados e memória seletiva parecem ignorar, ou preferem omitir, o trabalho que foi realizado ao longo de anos.

Tomemos, por exemplo, a área da habitação, em destaque no meu último artigo. Como é possível dizer que nada foi feito, quando o Faial foi palco de um dos maiores investimentos em reabilitação urbana na região, com mais de 300 milhões de euros após o sismo de 1998? Convém, sim, perguntar: porque é que o atual Governo Regional tem investido em habitação em várias ilhas, mas esqueceu o Faial?

Onde está o peso político que tanto se apregoa?

Na educação, outro alvo fácil de críticas, fala-se em degradação de infra-estruturas como se nunca tivesse havido obra. Mas muitas das escolas que hoje existem foram construídas em mandatos socialistas. Sim, há manutenção por fazer — como acontece em todo o país — mas culpar quem já não governa há mais de cinco anos é pura desonestidade política. A Escola Secundária Manuel de Arriaga, a Escola António José de Ávila, os estabelecimentos do 1.o ciclo e até creches nos Flamengos ou no Castelinho são fruto de políticas educativas que merecem ser reconhecidas.

Também na área social, os exemplos são múltiplos: centros de dia, equipamentos de apoio à terceira idade, estruturas de apoio comunitário. Mas, estranhamente, tudo isso parece desaparecer dos discursos mais críticos.

Já no desporto, assiste-se à mesma lógica: esquece-se o investimento passado e finge-se surpresa com a necessidade de manutenção atual. Quanto à rede viária, é verdade que há uma grande obra em curso — a variante. Mas convém lembrar que este projeto não caiu do céu. Foi pensado, defendido e incluído no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pelo Partido Socialista. Atribuir agora todos os louros a quem apenas herdou e executou essa decisão é, no mínimo, desonesto. O mesmo se aplica a outras intervenções recentes em estradas e ruas da cidade e das nossas freguesias. O PS sempre defendeu mais ação e continuará a fazê-lo, com propostas concretas e memória viva.

O PRR é um excelente exemplo da visão estratégica que o Partido Socialista deixou para o Faial: a inclusão da variante, o Tecnopolo, o novo navio de investigação científica. Foi o PS que recuperou o edifício do antigo DOP, idealizou a Escola do Mar, idealizou e começou a negociação para a instalação do Tecnopolo na antiga fábrica da COFACO e inovou com o uso de drones na fiscalização das pescas. Esquecer isto não é apenas má memória, é negar o valor do planeamento e da visão de futuro que existiu na gestão socialista.

Os faialenses têm direito a crítica, a exigência e a ambição. Mas têm também direito à verdade. Porque o progresso não se constrói com discursos inflamados nem com apagões seletivos da história recente. Constrói-se com trabalho, com projetos sustentáveis e com respeito pela inteligência de quem vota.